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quarta-feira, 1 de abril de 2009

Resumo de O Processo Civilizador (N. Elias)

Gente, fiz um resumo bem simplificado de O Processo Civilizador, do Norbert Elias, pra uma cadeira do Mariano, Teoria Contemporânea em Sociologia II. Se alguém tiver interesse em consultar, segue:

Teoria Contemporânea em Sociologia II
Professor: Ricardo Mariano
O PROCESSO CIVILIZADOR (Resumo).


Parte dois: SINOPSE
Sugestões para uma teoria de processos civilizadores
:

1- INTRODUÇÃO:

Este trabalho trata de um resumo do livro O PROCESSO CIVILIZADOR, de Norbert Elias, para a cadeira de Teoria Contemporânea em Sociologia II. Aqui são abordados alguns dos principais assuntos do texto, de maneira superficial, de modo a não ocupar o leitor com os pormenores das indagações do autor. A opção pela não separação em tópicos também foi realizada tendo o mesmo critério como base, de forma a não ser forçado a repetir os argumentos.

2 – O TEXTO (...)

Logo no primeiro tópico, Elias já coloca qual o assunto a ser tratado nesta primeira secção, ou seja, expor como a organização da sociedade em Estados (e suas respectivas adjacências históricas), contribuiu no que ele chama de “processo civilizador”.
O que seria este processo civilizador? Segundo o autor, “uma mudança na conduta e sentimentos humanos rumo a uma direção muito específica”. Essa “direção específica” seria a da racionalização (apesar deste movimento não ser exatamente racional) da atividade humana, tida como um conjunto de comportamentos - tanto introjetados quanto exteriorizados socialmente pelos indivíduos - numa espécie de mútuo controle da hierarquia dos sistemas sociais, utilizando os conceitos de Talcott Parsons.
Se, em um primeiro momento os indivíduos tinham um controle demasiadamente externo sobre as suas pulsões, o autocontrole individual, interno, torna-se mais diferenciado, complexo e estável com as modificações no tecido social, em que há uma maior interdependência na sociedade e uma maior diferenciação social.
Cada vez mais os indivíduos tem que reprimir a si mesmo e a sua espontaneidade em prol de um comportamento mais racional, civilizado, de moderação das paixões. Anteriormente, o autocontrole individual (superego) era instilado em relação direta, ou seja, pelo uso da violência, força física ou algo que o valha.
Desde criança somos treinados para agir com autocontrole, o que aciona mecanismos de sublimação ou substituição cada vez mais intensamente. Para Elias, “o que determina a natureza e o grau desses surtos civilizadores é sempre a extensão das interdependências, o nível da divisão das funções e a estrutura interna das próprias funções”. Destarte, a tendência é, com o fenômeno que hoje conhecemos por globalização, aumentar o grau de autocontrole e suas respectivas formas.
O autor coloca a diminuição dos contrastes entre as classes mais altas e as mais baixas no sentido de um comportamento mais uniforme. Os modos das classes altas se difundem como espelho para as classes mais baixas, não obstante as últimas terem um mecanismo de autocontrole menos limitado, ou seja, um comportamento mais próximo do que chama-se de “selvagem”. Conforme apontado, o aumento do autocontrole das classes mais baixas, cresce progressivamente com o significativo aumento de sua importância na rede de funções da sociedade. O aumento da dependência entre grupos segue-se a uma homogeneização de comportamentos.
Em outra parte do texto, que toca a Transformação de Guerreiros em Artesãos, Elias demonstra como a ascensão da burguesia fez com que os hábitos da nobreza fossem ressaltados, em parte como delimitador da distinção social entre estas duas castas, e a modelação ímpar da conduta social elaborada por esta classe. Ele enfatiza o fato de nesta época específica, ter havido uma especialização desta classe em sofisticar seus modos, com a proliferação de manuais de conduta (muito comuns hoje em dia), que seriam manifestações deste processo. Um dos elementos propulsores disto foi a ascendência da burguesia e a conseqüente necessidade de distinção entre os dois estratos sociais.
Se, antes, o universo se restringiam aos ambientes em que viviam, sendo mais ou menos auto-suficientes, a coexistência de um grande número de pessoas interligadas exigia um controle mais rigoroso da conduta social. A “nobreza belicosa” foi, durante o processo civilizador, substituída por uma “nobreza domada”.
Como a força física não mais era vista com bons olhos na corte, as relações sociais, quando em situação de conflito, passaram a exigir um grau cada vez maior de sutileza na administração das amizades e inimizades. Havia grande competição por prestígio e pelo favor real, dado que os cortesãos não possuíam bens de produção, assim “a reflexão contínua, a capacidade de previsão, o cálculo, o autocontrole (...) tornaram-se indispensáveis para o sucesso social”.
Esta necessidade de prever os acontecimentos levou a uma certa empatia, a um “conhecer o outro”, ou psicologização: o estudo do outro com profundidade e consciência. Este indivíduo aludido por Elias é sempre o indivíduo com relação aos outros, num determinada teia de relações sociais.
O estudo dos outros servia para pensar o modus operandi - o real funcionamento - da vivência, dos comportamentos, de uma forma mais racional, calculada, prevendo efeitos e conseqüências em cada sutil ponto das relações.
Para concluir, e para não cair em tautologismos ou repetições demasiadas, no que cerne à “Vergonha e Repugnância”, Elias coloca como estes conceitos são tomados como um outro lado da mesma transformação na estrutura da personalidade social - junto da racionalização da social - também não sendo, evidentemente, expressos com gestos violentos, mas por sanções sociais externas, que são interiorizadas pelos indivíduos. “Os modos interiores crescem na mesma medida que diminuem os exteriores”.

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